SOMBRAS DA NOITE


São espadas, são facas
e são punhais
a cortar o ventre negro das sombras
como se o golpe abrisse as altas portas
de sinistros gonzos,
os corredores frios e soturnos.

De onde vieram essas sombras
feitas de tempo?
Do vento silencioso, murmúrios,
cavos gemidos,
sepulcrais responsos

Nas orgias e gozo do pretérito
não gargalhavam, 
cantavam uma balada fescenina
de demônios sádicos, feras e faunos,
o prazer desesperado

Vinga-se a mansão dos seus espectros,
aprisionando as almas condenadas
nessas pedras
e musgo de pavor e trevas
Sonolentas lâmpadas testemunham
a ablução da rua, nua
que pelo vero amor foi saciado

E tu,
mulher que amei de amor imenso,
que palavras final murmurarás
ao se abrirem as portas da mansão?