Meu coração silencia
Meu coração silencia,
enquanto a alma,
perenemente, chora.
Busco teus olhos onde o pensamento
não alcança e apenas a
saudade, ingenuamente, sente.
Já não sei ser amor o que sinto.
Talvez a dor da paixão tenha
fincando raízes no peito,
derramado um rio em
meu olhos e vertido cada
lágrima de solidão.
Não sei onde anda teu corpo.
Presumo tua mente em mim.
Não sei mais se quero o
corpo que sente a falta
ou o coração que sedento
deseja beber de tuas palavras.
O poema tem fugido de
mim feito um pássaro que
bate as asas na direção
do que ainda não conhece,
apenas intui no peito
dilacerado a incerteza
dos dias que passo sem ti.
Morro como o vento que
quebra a onda no mar e
sempre renasço na esperança
tardia do teu regressar.
Meu coração silencia
enquanto a palavra crava
na brancura do papel
uma gota insana de veneno
e melancolia.