A rosa e o poema

Virgílio deitou por sobre o meu

travesseiro uma rosa vermelha

e um poema camoniano.

Onde o amor repousou, o tempo

santificou o momento da presente

réstia de felicidade.

Mas o Virgílio de hoje é apenas o

ator que encarna uma personagem

de tempos remotos, em Portugal de outrora.

É como se meus olhos levassem à alma

a certeza de que aquele enredo

foi por mim vivido

em outras vidas aquém da

realidade ou da própria fantasia.

No sonho capturei apenas um fragmento

do desejo que a alma por vezes encobre

sob a velha capa de sanidade que

ainda conservo em mim.

Não há mais castelos ou príncipe encantado

que galopa em ágil cavalo branco.

Mesmo assim, por um breve

e único momento,

pude sentir Virgílio com a rosa e o poema

entre as mãos,

pouco antes de deixá-los para mim.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 31/08/2008
Código do texto: T1154409
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