Medo
Tenho medo de que numa tua ausência,
quando levas de mim o que me encanta,
os meus olhos se habituem com as sombras
e enxerguem sem te ver no que me dói.
Tenho medo de que, um dia, eu não perceba
tua falta acompanhando minha insônia
e desperte com auroras nas olheiras
e enxergue outra manhã além de ti...
Tenho medo que retornes com a luz...
E de tanto contemplar a tua ausência
eu não mais possua olhos para ti.
Tenho medo de que chegues de repente
surpreendendo-me, na cama que era tua,
num caso de amor com a solidão.