Ai de mim!

Ai de mim! que passo noites insones,

solenemente proibida de

repousar nos braços de Morfeu.

Não sei mais quando o dia

começa ou se a noite termina,

por perambular à toa nos

pensamentos que me assaltam

a qualquer momento e

que me levam impiedosamente a ti.

Ai de mim! criatura mortal

que recebe de Erato os mais

belos versos de amor e

que nesse momento em que a

pena corre melíflua pelo

papel só consegue pensar

na tirania de Sade.

No meio dos poemas meu

corpo arde em chamas de intensa

paixão e minha boca saliva ao

pensar no deleite da maçã

com a qual tu me acenas,

distante como se em outra

dimensão estivesse.

Ai de mim! que tenho sentido

na carne e na alma o

Suplício de Tântalo,

tentando nas entrelinhas

desvendar teus desejos.

Ai de mim! Poetisa-do-Sábado-Feliz,

desfolhando-se na angústia

do tempo que segue a passos

lentos, consumindo-me de

lascívia e desejo.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 13/08/2008
Código do texto: T1125624
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