Ai de mim!
Ai de mim! que passo noites insones,
solenemente proibida de
repousar nos braços de Morfeu.
Não sei mais quando o dia
começa ou se a noite termina,
por perambular à toa nos
pensamentos que me assaltam
a qualquer momento e
que me levam impiedosamente a ti.
Ai de mim! criatura mortal
que recebe de Erato os mais
belos versos de amor e
que nesse momento em que a
pena corre melíflua pelo
papel só consegue pensar
na tirania de Sade.
No meio dos poemas meu
corpo arde em chamas de intensa
paixão e minha boca saliva ao
pensar no deleite da maçã
com a qual tu me acenas,
distante como se em outra
dimensão estivesse.
Ai de mim! que tenho sentido
na carne e na alma o
Suplício de Tântalo,
tentando nas entrelinhas
desvendar teus desejos.
Ai de mim! Poetisa-do-Sábado-Feliz,
desfolhando-se na angústia
do tempo que segue a passos
lentos, consumindo-me de
lascívia e desejo.