TRANSPARÊNCIA

O vento bate em meu peito

E traz inútil esperança

De recompor os sonhos

Perdidos na rota da ilusão.

Mãos se entrelaçam

E ignoram carinhos

Tão transparentes!

Meus olhos desaguam

Em vertentes de certezas

Jamais possuídas

E trazem à margem

O desejo do apego

Que não se apega.

Que estranho nome tem esse querer

Que ruma por caminhos obscuros

E rima com afeições inefáveis?

Não sei.

Tudo o que sei

É que o meu coração é um desconhecido

E mantém intacta tua inexata presença

- repositório secreto de tanto sonho!

Veio de ti a certeza

Que havia tempo para te querer

E eu cheguei

(mesmo sabendo que apenas passagem

nunca fixação).

Ainda que vã

A espera navega por mares transitórios

À mercê da onda

Num eterno vai e vem

Afundando cada vez mais

Na transfiguração dos sentimentos.

Zel Soares
Enviado por Zel Soares em 06/08/2008
Código do texto: T1116095
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.