TRANSPARÊNCIA
O vento bate em meu peito
E traz inútil esperança
De recompor os sonhos
Perdidos na rota da ilusão.
Mãos se entrelaçam
E ignoram carinhos
Tão transparentes!
Meus olhos desaguam
Em vertentes de certezas
Jamais possuídas
E trazem à margem
O desejo do apego
Que não se apega.
Que estranho nome tem esse querer
Que ruma por caminhos obscuros
E rima com afeições inefáveis?
Não sei.
Tudo o que sei
É que o meu coração é um desconhecido
E mantém intacta tua inexata presença
- repositório secreto de tanto sonho!
Veio de ti a certeza
Que havia tempo para te querer
E eu cheguei
(mesmo sabendo que apenas passagem
nunca fixação).
Ainda que vã
A espera navega por mares transitórios
À mercê da onda
Num eterno vai e vem
Afundando cada vez mais
Na transfiguração dos sentimentos.