SUBVERSÃO
Zenaide Giovinazzo
Chuva de estrelas me ilumina,
ao som do bolero, torno-me menina.
Pressentindo carícia no olhar
tira-me para dançar.
A melodia presa entre as paredes
reflete a ternura do seu rosto.
Tudo em volta é vazio,
a música reina sobre os sentimentos,
são apenas nossos esses momentos.
Vagueando pelo meu dorso,
adivinhando minhas fantasias,
suas mãos inquietas deslizam
acompanhando a suave canção
que embala nosso coração.
A proximidade dos corpos
desperta desejos,
e com sabor de vinho proibido
bebo seus beijos.
A volúpia nos arrasta pelo salão
seduzindo-nos a pensamentos libertinos,
e o despudorado romantismo
arranca-nos o tino.
Embriagados pelo som do bolero,
num longo abraço silencioso
concordamos que é hora de sair
e realizar aquilo que a subversão
está a nos pedir...
SP/04/08/08