TRIBUTO À POETISA A. WELT
Alma mulher do sul,
Não sei quem és ainda
Mas por traz do teu mistério
Há um veio poético profundo
Te conheci de repente
Nas cochilhas do silencio
Dissimulada, andando
Nua por versos
Lindíssimos !
Você se despiu ao escrever
No entanto ao ler-te
Eu também
Me sentii despido
Bebi teus versos
Num só gole
Como se fossem um mate amargo
Que poderia curar todos os males
Mas minhas dores não melhoraram
Ficaram piores,
Pois junto com teus versos
Bebi tua inquietação
Odiei saber de ti, tão tarde
Porque não mais poderei cavalgar contigo
Pelo teu mundo de fogo sobre os corcéis do prazer
Que levaram tua vida
Fiquei ainda mais solitário
Que a tua própria solidão
Que agora te abraça
Nos descampados
Do pós-vida
O teu pampa místico
Redescoberto em tua poesia
Está vazio e triste
Assim, como o velho mundo
Que tua morte fez mais impuro
Assim, guria, só me resta mandar-lhe flores
Que nascem das paragens vazias
Flores pontilhadas de lágrimas
Flores mortas,
Flores tardias.