Parada cardíaca
Um dia enfim te quedarás cansado de amores e de rancores vívidos e vividos...
De sonhos realizados e de decepções sentidas e consentidas...
De aventuras, venturas, alentos e desalentos...
De lutas vitoriosas e de batalhas perdidas...
E tu, meu coração, estarás lasso...
Mas apesar da agonia lenta da fadiga, há de abrir-se em ti largo sorriso...
E do intenso azul do firmamento pétalas macias cairão em perfumada poesia...
Pássaros canoros cingiram o espaço com suas plumagens multicoloridas...
Haverá luz e brilho...
E estarás quieto, em silêncio e sem culpa...
Porque estarás consciente de que bebestes da taça dourada que te serviu a vida...
E provastes com avidez da mágica poção que te foi reservada e servida.
E, finalmente, porque cumpristes o papel que te foi designado...
E que todo o tempo esteve a ti atribuído... Antes mesmo de tua primeira batida.