A ESCULTURA DO MEU AMOR
Tentava inventar-te, como quem toca um violão
Não existias em meu mundo, eu te esculpia,
Talhava, moldava no peito, no centro do ser,
Tua imagem, aquela, justo como queria e pedia.
Teu ser em meu mundo, mundo novo para um novo ser;
Tu, aquele ser que idealizei no coração, sem razão
E me saístes tal e qual, como te pensei, sonhei e amei,
Com amor eterno, mas mesmo antes de te ver, via.
Pois, se hoje és, não és mais do que o que eu queria.
Pensei, com o coração, que serias e, ao ver-te, vi,
Constatei, percebi, que eras de fato o que sonhei.
E nesse sonho, lembro que te tocava como quem?
Como aquele apaixonado poeta, cantor, sonhador,
Aquele que acaricia a cada hora, que ama e chora,
Se desmancha de amores acariciando um violão
Tu, teu coração desconcertado, que tem lugar para mim.
Eu sei, porém, que moro e me aconchego em seu ritmo.
Doce saber que teu coração seria só meu se não fosse só teu.
Somente eu o dono seria desse lindo e doce ser, se fosse.
Que doce seria se eu fosse o dono também dos desejos,
O alvo daqueles teus beijos que não são meus.
Queria ao menos ser a pele do felizardo, teu campeão,
Que será dono também do perfume que não posso sentir;
Dono dos teus sonhos e também do meu destino.
Pois queria que fosses tu a dona dele, do meu destino,
Mas quem será o dono de tudo, pois imagino e sei:
Depois que vi a escultura que eras tu, que fiz, moldei,
Que idealizei, que sonhei, que amei – depois de te ver sorrir
Meu destino, por certo, será, quem sabe, eu sei sim,
Por certo, sonhar e esperar que eu possa um dia ser teu
E tocar-te a cada noite e desconcertar-te simplesmente
Com meus dedos a modelar e descobrir no teu corpo
Os sonhos que sonhei, com o carinho que guardei pra ti
Wilson do Amaral