Cantemos
Cantemos, que não há melhor remédio
À sombra que nos aguarda
Do que bebermos, amigo,
Os cálices dionísicos.
Tira a voz do teu peito!
Alimenta teu coração,
O vinho rega-te as faces,
O fumo adentra teus pulmões.
Obra com maestria teu verso,
Canta alto às planícies e serras,
As canções que aprendeste,
O brado de teu sofrido peito.
Te ouvirão anjos e pássaros,
Um que outro poeta acorda encantado,
Se de teus amores prevalece uma mágoa
Há de falardes a língua dos seres.
Até as montanhas graves te reverenciarão,
Com nuvens rasas e leitosa cerração,
Que, como margaridas se deitam sobre o gramado,
E toda natureza há de prestar-te veneração.