Pulchra Ficus

PULCHRA FICUS

Aquela umbrosa figueira,

quem será que a plantou?

E as suas primeiras folhas,

quem primeiro as regou?

Seria anônimo o jardineiro,

que a molhou todas as manhãs?

seria o velho Miguel,

quem sabe... o Zé Canã?....

Figueira-brava, gameleira,

quero-a sempre de pé!

Tenho fé que o progresso

respeite o seu verdor.

Figueira dos sonhos distantes,

parada dos ofegantes,

junto a casa do Senhor.

Ponto de tantos encontros,

caderno sem pauta do amor,

praça de alimentação

e hospedagem de pardais.

Que viu a viúva rezando,

a impaciência do noivo, a emoção,

e um bêbado chorando no chão.

Que ouviu o tímido sim da noiva,

e os tiros da traição...

Hoje ela vê o moço,

alegre, depois do almoço,

vir curtir sua preguiça.

Vê a menina que passa depressa,

os sinos já chamam pra missa.

Vai pedir para que os homens,

espeitem a natureza,

não destruam essa beleza,

perto do São Sebastião,

e que o reverendo Müller,

abençoe sua proteção!...

Copyryght: TIME, 2002

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 11/12/2007
Código do texto: T773514