Pulchra Ficus
PULCHRA FICUS
Aquela umbrosa figueira,
quem será que a plantou?
E as suas primeiras folhas,
quem primeiro as regou?
Seria anônimo o jardineiro,
que a molhou todas as manhãs?
seria o velho Miguel,
quem sabe... o Zé Canã?....
Figueira-brava, gameleira,
quero-a sempre de pé!
Tenho fé que o progresso
respeite o seu verdor.
Figueira dos sonhos distantes,
parada dos ofegantes,
junto a casa do Senhor.
Ponto de tantos encontros,
caderno sem pauta do amor,
praça de alimentação
e hospedagem de pardais.
Que viu a viúva rezando,
a impaciência do noivo, a emoção,
e um bêbado chorando no chão.
Que ouviu o tímido sim da noiva,
e os tiros da traição...
Hoje ela vê o moço,
alegre, depois do almoço,
vir curtir sua preguiça.
Vê a menina que passa depressa,
os sinos já chamam pra missa.
Vai pedir para que os homens,
espeitem a natureza,
não destruam essa beleza,
perto do São Sebastião,
e que o reverendo Müller,
abençoe sua proteção!...
Copyryght: TIME, 2002