Intrusa

Lá fora uma borboleta se movia lentamente

entre as pétalas de um girassol estonteante. Suas asas, quase dissipadas, levara de mim o riso do fim de tarde, porque agora me rendia à tristeza de não poder evitar sua partida. Embora despedaçada, sua beleza não passava despercebida. Foi então que disse adeus com um choro engasgado pela frágil criatura que acabara de morrer. Antes pudesse voltar ao casulo e ser lagarta outra vez,pensava eu...

Mas seu ciclo de existência findara em um deslumbrante voo. Voou sem pressa, esbanjando a harmonia de seus traços singulares! Apavorada , ao ver suas asas agarradas aos espinhos de uma rosa formidável, não relutou em se soltar. Logo sentiu a dor fatal de se perder em seus caprichos. Contudo, fez um pouso divino

e naquele girassol adormeceu em sono eterno. Nada a fazer! Indescritível sensação é a percepção da insuficiência . Meus olhos lacrimejavam . Não sei ao certo se chorava pelo fim da bela borboleta ou pela terrível certeza da morte como uma intrusa na trilha da vida.