Esperança
Quis conhecer o teu desespero
Para te conquistar
Quis ver o que te devora
Para melhor contigo conversar
Quis saber
Qual a dimensão dos teus pesadelos
Para melhor os interpretar
Não que fossem uma questão de psiquiatria
Era apenas um gesto de amor
De quem contigo sonhava estar
Quis provar as tuas lágrimas
Para saber o gosto do teu lamentar
Quis ouvir os teus prantos
Para saber qual era o som deles
Para o dia em que depois de idos
Pudessem regressar
Depois parti
Para pensar
Sim
Eu sei que pensaste
Que era mais um a te abandonar
Até ao dia em que voltei
Não com a cura para a tua tristeza
Mas somente
Com a certeza
Que tinha a força
Para a mandar embora
Que era chegado o momento
Chegada a Hora
Em que olhando para mim
Um algo pouco maior que um nada
Irias acreditar
Que os medos
É de nós
Que se costumam alimentar
Dei-te a mão
Emprestei-te o meu sorriso
Fiz tua
A minha convicção
E os medos partiram
Até à próxima estação
Na altura
Em que permitisses que o desespero
Fosse o teu mundo
Fosse a tua única razão…