A Eternidade, quem se atreve?

Quem se atreve

A viver para sempre

Quem se atreve

A natureza

Ou os Deuses a desafiar

Quem se atreve

Viver para lá do próprio tempo

Até esse tempo se esgotar?

Apenas as palavras

Que representam

Tudo aquilo que fomos

Tudo aquilo que ousámos

Tudo aquilo que falhámos

As palavras

Não o nosso reflexo

Mas o corpo da nossa alma

As palavras

Que irão sobreviver-nos

A nós

À nossa civilização

E quem sabe

À própria humanidade

As palavras

Que hibernadas

Irão esperar o momento

Em que alguém as desperte

Do seu sono milenar

Para

Depois de as descodificar

Voltarem a serem lidas

E com tal gesto

Irão uma parte de nós ressuscitar

Quem se atreve a desafiar a Eternidade?

Quem se atreva a escrever

E com esse gesto

O seu pensamento num fóssil tornar

Fóssil que será descoberto

Um dia algures para lá do futuro

O fóssil da memória

Que nem a própria Eternidade

Conseguirá esquecer

Poderá apagar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/03/2019
Reeditado em 30/03/2019
Código do texto: T6611044
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