Fome
1
Quando o Gato nasceu
Ele era o menor da ninhada.
Tanto que sua mãe quase se esqueceu
Daquela pequena vida criada.
Assim, Gato quase sempre tinha fome
em meio aos seus irmão maiores.
E das dores que o consumiam
Sempre voltavam cada vez piores.
“Quero leite” miava baixinho
Mas a mãe do gatinho
Dormia exausta, sem escutar.
“Então beba um pouco”
Diziam os outros
Mas sem deixá-lo passar.
2
Ao largarem do peito
O Gato se animou
Esperando finalmente ser aceito
Por quem antes o desprezou.
Porem, ele notou que era diferente
Ao serem postos para adoção
Seus irmãos eram claros como leite
E o Gato, como carvão.
Sem encontrar-lhe um lar
Sua dona o foi colocar
Na rua em uma caixa de papelão.
Agora naquela viela esquecida
Não tinha fome apenas de comida
Mas também de compaixão.
3
Os dias passaram e o gato pensou
“Foi pra isso que nasci?”
E pela ultima vez chorou
Finalmente desistindo de si
Ao acordar, já não havia mais frio
Só uma humana com uma tigela de leite.
Ele bebeu até o prato ficar vazio
E ela sorriu para o seu deleite.
A partir de então a fome sumiu
E Gato nunca mais sentiu
Aquela triste sensação.
E a Humana também dele consome
Pois também nunca mais sentiu fome
De amor em seu coração.