BILHETES, CARTAS E CARTÕES
Nas minhas maciças pastas,
guardo inúmeras cartas,
de gente boa que quer saber como estou vivendo,
e assim a saudade vou vencendo.
São tantas para responder;
a nenhuma delas não me canso de ler.
São inspirados esses remetentes!
Será sempre bem-vindo tudo o que mandar essa gente.
Nas capas das minhas pastas, e na porta da geladeira
há muitos bilhetes!
Na escrivaninha,
os recados foram rabiscados em rápidas linhas;
são curtíssimos vilancetes!
Preciso ter em mente os lembretes,
pois há pessoas que me pedem favores.
Há pessoas que me pedem ajuda, para construir
um mundo sem dissabores.
Há pessoas que me pedem, para que eu reveja as minhas ações;
vale a pena atender as petições.
Vêm os meus cartões
pedindo-me para que sejam as minhas paixões.
Competem com as minhas cartas de amor,
mas é uma briga que não há vencedor.
Pertencem ao meu único antiquário.
Os resgatei do fundo do armário.
As recordações me fazem pegar este itinerário,
sem que eu tenha a pressa de chegar num certo horário.
Os meus bilhetes são raros.
Os meus cartões são quase lendários!
As minhas cartas, tão bem guardadas, não precisam de reparo,
quando leio-os, mais longo fica o meu itinerário.
-Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, de 03 a 08 de janeiro de 2001.