Rimos pras estrelas

Naquela noite que a muito morreu,

Aquele céu estrelado,

Que a muito nos deu,

Aquela paz, no silêncio da escuridão,

No regozijo mais puro da vida,

Na amizade mais milagrosa

entre dois irmãos,

Rimos pras estrelas,

Em conversa simples,

Um singelo prosear,

E o mundo gira,

E as estrelas morrem,

E as noites passam,

Sem tempo para o respirar,

Porque o tempo não tem calma,

Só tem força,

E a vida se afoga,

em sua luta, em sua única dúvida,

E o passado se acumula,

E a vida vai morrendo de tristeza,

E as lembranças corroendo as veias,

Entupidas de lágrimas,

Lástima, se apega tanto à existência,

Mas ela se move,

E se leva de ti,

E se desapega,

Pois o corpo é uma prisão,

E é a única que sabemos,

Que queremos...

Nascemos para depois morrer,

Quem dera soubéssemos,

O que é o viver...

O seu único e absoluto porquê...

Mas rimos, rimos pras estrelas,

Sentimos, em nossa amizade, a sua pureza,

E a celebramos, sem saber,

Naquela noite calma e nua,

Em seu silêncio e, em sua Lua, rimos,

E em seu sorriso, eu pude ver,

Parte do porquê,

de tudo isso,

de viver...