Lágrimas de Damasco
Que parem as bombas
Aquelas pensadas
Para nossa vergonha
Nosso supremo embaraço
Em Washington
Em Riade
Em Moscovo
Em Jerusalém
Depois lançadas sobre o povo de Damasco
E embora revoltado
Eu
Um europeu
Nada faço
De forma a impedir o genocídio
Daquelas que ficaram
Daqueles que não conseguiram ser um refugiado
Nada faço
Porque deixei de saber o que fazer
Quando vejo outro povo
Que não o meu sofrer
Nada faço
Porque nestes dias
Na televisão
Na grande rede
Tornou-se banal
Trivial
O terror se ver
Porque o sofrimento
Alheio
Foi transformado em mais um objecto de consumo
Que depois de usado
Depressa se vai esquecer
Parem o nojo
Parem a morte
Tão friamente partilhada
Em redes sociais virtuais
Até deixar de ser moda
Até outra tragédia ser inventada
À espera não da sua resolução
Mas de uma lágrima
Nossa
Também ela partilhada
Uma lágrima
Que não vai servir para nada
Enquanto não impedirmos
Que mais uma bomba seja lançada…