Confidente

Passei aqui para te ver

Para ver teus segredos se revelarem

Tuas intimidades serem partilhadas comigo

Pra ser teu umbigo

Estou ao teu inteiro dispor

Para escutar teus prantos

Tuas lamúrias

Teus desencantos

Para ouvir em primeira mão

O que vai ao teu coração

Vou ficar calado ouvindo

Conciliador...

Compreensivo, calmo, atento, quase cúmplice

Manter amainado o meu semblante

Diante da revelação mais estonteante

Deixar escapar discretos gestos de incentivo

Ao vomitares os mais torpes desatinos agressivos

Renunciarei aos meus impulsos

Me prostrarei como vegetal ante à faca

Desobedecerei minhas vontades

Nos picos do impulso em repelir tuas vaidades

Serei esse nada que esperas

Para que te soltes como se eu não fosse gente

Ali, parecendo empático na tua frente

E depois, quando já estiveres livre dos teus males

Quase planejando nova investida para outra feita

Implodirei sozinho o entulho deixado

Dentro de mim

Sem deixar vestígios

Mas não sei até quando eu serei assim