Quase à velocidade da luz…
Agimos
Pensamos
Vivemos
E o mesmo se passa com o nosso respirar
Mas apesar dos muitos ganhos
Algo se perde
Quando sem o querermos
O tempo costumamos ultrapassar
Vivendo tão depressa
Que o presente
E o futuro
Rapidamente são passado
E por isso custa-nos habituar
À perda de algumas
E às novas caras
Que nesta vertigem
Não deixam de estar ao nosso lado
E nas raras alturas em que paramos
Para nisto tudo reflectir
Lamentamos
Quem deixámos partir
Mas nada podemos fazer
O tempo repentino
Faz tanto da nossa forma de ser
Como a sombra faz de um corpo
Dele é impossível separarmo-nos
Só podemos mesmo tentar
Que não se repitam
Gestos
E palavras
Que mais tarde iremos lamentar
No entanto
Um lamento maior
Iria ter lugar
Se tentássemos viver mais devagar
Porque nos sentiríamos perdidos
Num tempo
No qual sentiríamos
Não ter lugar
E assim
Quase à velocidade da luz
Iremos continuar
Até o próprio tempo
Desta velocidade se cansar…