A beleza vinha de dentro.
De dentro dos olhos...
Do fundo do olhar, 
e se pendurava bem 
no contorno do corpo.
Sólido e disperso 
na existência.

A beleza entrava na sala,
pisava tapetes, vestia gala
e tinha relicários.
Tilintava sinos e se anunciava
em pompa e circunstância...
Revelava-se em nuances.

Os candelabros continham luzes
e as velas rezavam
por seus pavios..
E os olhos que devoravam
aquela imagem
cuja beleza era doída...
raspando nas paredes das almas...
a contundência da estética
na ética de riscar...

A beleza vinha de dentro
E transbordava...
contornava os gestos,
a boca e as palavras
que entoavam mantras para
passar a energia zen de 
sua aura...

A beleza imantava metais,
louças e tangenciava as pedras
polindo-as...
A polia dos suores,
das lágrimas e da arte 
que limava o estar e 
o transformava em ser...
ser vivo e sobrevivente
em transitória eternidade.

A beleza contaminava os traços,
torneava cores... e brincava 
pueril com os tons e manchas
imaginárias e celestes.
Espalhava-se impunemente.
Transformando a realidade
em imitação da vida.

Bonito.
Talento erigido.
Construído e conquistado.
Entre pedras.
Entre risos e olhos atentos...
a comer os riscos soltos no ar...
E recolhendo a expressão
humana...
sumariamente humana e
e contingencial.

Eis que a beleza está
a esculpir a sua expressão
mais genuína...
E, em perfeito silêncio
tece o delicado véu
que nos encobre
entre os mortais.
E nos guarda na memória 
do futuro.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/01/2015
Reeditado em 23/01/2015
Código do texto: T5111177
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