Terra
Como pode o homem
Ter um desmesurado “Eu”
E nada mais lhe interessar
Enquanto acredita que é o ser mais poderoso da Terra
Desdenhando o vento que teima em enfrentar
Zombando da água
Que nunca se cansará de desviar
Poluindo o que é dos outros
E não apenas seu
Atrevendo-se a sujar até o céu
E ele está tão embrenhado nas suas certezas
Alicerçado nas suas conquistas
Que não vê
Ou não consegue perceber
Que o mesmo vento que desdenha
É quem escreve a História
De todos os tempos da Terra
Escrevendo esta
Nas mais imponentes montanhas
A água de que ele zomba
Acaba sempre por vencer
E as suas construções
Que julga imortais
Acaba por corromper
E o céu
Por ele ignorado
Por ele massacrado
Está lá
Nunca deixará de estar
Não para
Quem o quer matar
Mas para quem o ama
E persiste em admirar
Está lá
Para quem está na Terra
Não para a usar
Mas quem está por cá
Para a desfrutar
Enquanto todos os seres
Todas as coisas dela
Tem o cuidado
Ou evita
Magoar…