A PEROLA PURA

Ele não tinha sonho
E ao acordar pesadelo
Ele não tinha caminho
Só tinha sandália
Ele não tinha pão
Muito menos vinho
 
Ele não sonhava
Sequer dormia
Ele só seguia
Parar não podia
Ele só se debatia
Pois porta não havia
 
Ele não lamentava
Pois não adiantava
Ele não cantava
Nem falar conseguia
Ele não vivia
Só contava os dias
 
Ele ia pelo escuro
Se arrastando nulo
Na noite encobria
O que de dia não via
Ele só procurava
O que ainda não sabia

O tempo se arrastava
E a vida não corria
E as horas contava
E os dias não se iam
 
E na idade crescia
E no tempo mais sofria
E no sofrer mais sentia
Que orar não sabia
 
Vivendo no pavor
Na esperança seguia
Dos sofrimentos tidos
Via que alegria surgiria
 
A única esperança
Algum tempo ainda tinha
De todo lado nada vinha
Mas na alma alento já sentia
 
E calor foi surgindo
Onde só tinha agua fria
E no vapor da agua morna
Sentiu que o peito se aquecia
 
E no sentir da esperança
Pressentiu o fim da lida
E vendo o sol raiar no dia
Em oração só agradecia

Mas olhando para o céu sabia
Que tudo o que sempre queria
Estava na alma que um véu cobria
Só que precisava voltar pelo lodo
Para a perola pura voltar a descobrir


“A felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo” Roselis von Sass – www.graal.org.br
 

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