AOS MEUS AMIGOS DE INFÂNCIA

Às vezes caminhando por trilhas onde meus amigos e eu, corremos em nossa infância, em devaneio mergulho-me nos sonhos que ficaram acorrentados por minha lembrança.
Os delírios da saudade e a fotografia de meus colegas arquivada no álbum de minha memória me transportam ao passado, a contemplar os horizontes galgados por minha existência.
Vou buscar nas fantasias que se perderam na magia da ilusão, o objetivo de sonhar novamente. Navegando nas águas ora calmas ora turbulentas pelo mar da imaginação. Embora seja uma miragem espelhada pelo retrovisor do tempo, alimento sempre a mesma expectativa esperando que eu possa reencontrá-los na longínqua curva deste oceano de recordações, engolidos pelo tombo de suas ondas. Para que juntos possamos correr de novo pelas mesmas trilhas e estradas de então, descortinando com sutileza a paisagem de nossa história.
Descompromissados como sempre fomos, e com a mesma alegria ingênua, deliciarmos naquelas tardes, quando éramos parte do elenco ecológico de um belo espetáculo. O sol se punha e o crepúsculo puxava o manto da noite. Vinha a lua toda risonha esparramando seus encantos sobre aquele cenário dominado pela soberania da natureza. O acortinado de estrelas cobria o universo e o nosso mundo criança, Ilustrado pelas lacraias no seu constante piscar de luzes, escoltadas pelos vaga-lumes, que em atalaia riscavam os espaços manchados pelas sombras dos arvoredos provocadas pelo luar.
Não menos selvagens nós moleques de pés descalços e cabelos desalinhados, éramos também parte dela, misturando-nos aos murmúrios e encantos projetados em sua biodiversidade. Enquanto a noite não silenciava e o sereno não vinha para orvalhar os campos e os prados, a lua era soberana a passear sobre os telhados que ocultavam a humildade das lamparinas. Altaneiro e vigilante são Jorge exibia seu potencial encantador, enquanto nós meninos... Apenas sonhávamos e o aplaudia!

(Dedico este singelo texto ao meu amigo Joel Gomes o nobre poeta de Irati.)
 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/03/2013
Reeditado em 06/02/2014
Código do texto: T4206579
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