Naquelas madrugadas…
Desconstruímos de forma paulatina
Calma e descontraída
O que levou anos
E demasiado empenho a construir
Mas na incapacidade
De assumirmos que o sonho se tinha desmoronado
E de pura e simplesmente
Dar o assunto por encerrado
Preferimos nós próprios sabotarmos
Algo de belo
Mas que nunca devia ter começado…
Transformámos crença
Em cinismo
Amor
Em apenas uma forma de se poder dormir apaixonados
E apesar de apenas nos ligar um ao outro os nossos corpos
As nossas consciências estavam aliviadas
Por dizermos que estávamos apaixonados…
E nas derradeiras madrugadas
Havia uma estranha paz
Não havia problemas
Não havia qualquer tipo de discussão
Porque já não havia nada para destruir
Há muito
Que o nosso mundo entrara em implosão…
E assim
Vivíamos nas sombras
Dormíamos sobre cinzas
Pela incapacidade de adaptação
Ao que tinha inevitável e para sempre mudado
Continuando em silêncio uma guerra há muito terminada
Usando afectos
E não espingardas
Pela incapacidade em não vermos que nada restava
Prolongando a ilusão
Naquelas madrugadas…