Para o ano…haverá outra Primavera…
Temos os dois a esperança
Se calhar insensata
Que o temporal vai passar
Que as zonas negras
Estarão apenas na literatura
Ou nos filmes
Que tanto nos aterrorizam
Como teimam em encantar
E por isso será num local sem trevas
Que nos iremos de novo encontrar…
E despedimo-nos
De forma eloquente
De forma ausente
De forma ferida
De forma magoada
De forma indiferente
Despedimo-nos não querendo sofrer
Vestindo por isso a máscara de quem se pouco importa com tal
Mas os nossos olhos destroem a nossa postura que se quer distante
Os nossos olhos dizem
Que têm medo
Que quando nos voltarmos a ver
Nada será como dantes…
Antes de termos de partir
Para batalhas e lutas comuns
Mas que são ao mesmo tempo
Demasiado individualizadas para serem feitas em conjunto
E assim partimos
Com o receio nada secreto que essas lutas nos possam mudar
E assim
A quando do reencontro
Este nada possa significar…
Mas partimos com Fé
Partimos com imenso Amor
E reparo então
Que no auge da nossa tragédia pessoal
Nunca te achei tão bela
Pedes-me que te dê uma palavra de conforto
Mas dos meus lábios só saem uma frase feita
Mas imensamente sentida…
“Para o ano…haverá outra Primavera…”