Uma simples lágrima…

Quando uma lágrima solta um rosto

E ganha o chão

Perde toda a sua identidade

Torna-se apenas água entre água

Nada nem ninguém sabe

Que ela é o mais singelo fruto da humanidade…

Ela deixa de fazer sentido

Torna-se banal

Pois as suas origens ficaram em quem a derramou

Que muito depressa a irá substituir

Enquanto ela volta ao grande circuito da água

Evapora-se

Para mais tarde se reproduzir…

Ninguém saberá que ela foi gerada

Pelo mesmo ser

Que inventa o impossível

Inventou a matemática

Que é capaz de ir a Marte

Que um dia poderá desvendar quase todos os mistérios do universo

Um ser tão grande

Que tanto cria

Como é capaz de matar

O ser mais solidário de todos os tempos

Mas que com a mesma facilidade

Um ser igual a si é capaz de ignorar…

Um ser que nos seu gigantismo

Tantas e tantas vezes arrogante

Nos silêncios

É capaz da maior das humildades

É capaz

De sentir

Insuspeitas fragilidades

E ele que poderá ser Tudo

Que por vezes é Tudo

Por vezes se sente nada

Nada de nada

Que se reflecte

Quando derrama

Uma simples lágrima…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 06/08/2012
Código do texto: T3815999
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