Uma simples lágrima…
Quando uma lágrima solta um rosto
E ganha o chão
Perde toda a sua identidade
Torna-se apenas água entre água
Nada nem ninguém sabe
Que ela é o mais singelo fruto da humanidade…
Ela deixa de fazer sentido
Torna-se banal
Pois as suas origens ficaram em quem a derramou
Que muito depressa a irá substituir
Enquanto ela volta ao grande circuito da água
Evapora-se
Para mais tarde se reproduzir…
Ninguém saberá que ela foi gerada
Pelo mesmo ser
Que inventa o impossível
Inventou a matemática
Que é capaz de ir a Marte
Que um dia poderá desvendar quase todos os mistérios do universo
Um ser tão grande
Que tanto cria
Como é capaz de matar
O ser mais solidário de todos os tempos
Mas que com a mesma facilidade
Um ser igual a si é capaz de ignorar…
Um ser que nos seu gigantismo
Tantas e tantas vezes arrogante
Nos silêncios
É capaz da maior das humildades
É capaz
De sentir
Insuspeitas fragilidades
E ele que poderá ser Tudo
Que por vezes é Tudo
Por vezes se sente nada
Nada de nada
Que se reflecte
Quando derrama
Uma simples lágrima…