Já vivemos no futuro…
A maior parte das coisas com que sonhamos
Aparece mais tarde ou mais cedo na televisão
Obrigando-nos a fazer dos sonhos
A necessária actualização…
Cidades são bombardeadas em directo
Sem que ninguém nada faça
Para nossa grande indignação
Até que descobrimos algo mais interessante
Na programação…
Desligando-nos assim do mundo
Fazendo uma espécie de selectividade
Uma espécie
De não assumida obscenidade
Para a memória daqueles que antes de nós
Lutaram e morreram pela livre informação
Enquanto nós deixamos que manipulem esta
Ou manipulamos nós próprios
Porque não aguentamos o real
Precisamos de uma forma de alienação…
De um mundo futuro
Que já vivemos no presente
Um mundo
Onde elegemos os ditadores
Que à fome e à miséria nos estão a condenar
E renovamos os seus mandatos
Naquilo que se chama de “eleições”
Mas que não é mais do que uma forma
De politicas criminosas
Irmos legitimar…
E assim vivemos no futuro
Onde a luta contra os ditadores
Pelo menos os nossos
É desaconselhada
É considerada anacrónica
Pois se existisse essa luta
Se existisse uma palavra livre
Eles e os seus iriam cair
E nós o futuro com que os nossos pais e avós sonharam
Iríamos concretizar
Em vez deste
Que alguém se limitou a pensar
E a executar
E somos apenas um mero objecto
Para eles
E não nós
O seu sonho de poder pelo poder alcançar…