É Preciso…
Partir
Quando descobrimos que aquele que era o nosso local de chegada
O nosso local final
Afinal era outro
Descobrindo então
Que para outro local temos que ir…
Sendo preciso esquecer
As palavras doces
Os gestos
A pele
A sua essência
O amor
Que afinal era fundamental
Mas afinal não tinha assim tão grande importância…
Tendo então que esquecer
Entrarmos na teia do desconhecido
Onde as memórias não se apagam
Mas onde é mais ténue essa ferida
De nunca te poder ter realmente comigo…
Rasurando sensações
Arranjando outras para as tapar
Nunca as tapando de facto
Mero efeito placebo
Que em parte só tal ajudam a disfarçar…
E assim esquecemos
Ou procuramos esquecer
Conhecendo outras pessoas
Sabendo que o prazer será sempre um aliado da dor
Mas sabendo que o equilíbrio dos sentidos
É que determina a possibilidade
E a nossa capacidade
De termos alguém
De não perdermos uma multidão
Mas apenas pessoas isoladas
Determina a nossa capacidade afectiva
De amarmos
Ou de sermos meramente camaradas
Determina a vontade de sabermos manter
Quem quer estar connosco
Na vida
A que chamei um dia
“Jubilosa Madrugada”…