Até que ponto pensas ir…?
Depois de teres apenas dado uns passos para te afastares da dor
Mas depois notas que os passos foram demais
E em vez de te achares estás perdido
Perdida
De quem te fez a ferida
Mas de quem acaba por estar contigo…
E olhas o céu à procura de um ponto de referência
De um ponto de localização
Mas a única coisa que vês
É no céu imenso
Um mero e distante avião
Desejando ir para o seu destino desconhecido
Que te sirva de recomeço
Mas que te sirva também de abrigo
Sem saber se tudo irá recomeçar
Quando encontrares outro alguém
Que te possa igualmente magoar
Chegando então à conclusão que a fuga é redundante
A fuga é uma mera repetição
E nada te serve
Escapares
Para o tal avião
Que te irá levar a um local
Onde novamente irás entrar em rota de colisão
Uma rota não de guerra
Mas de amor
De afecto
Porque estes termos de nada valem
Se não tiverem um calor
Que até nos queima ocasionalmente
Um calor que parece matar
Pela sua intensidade
Mas quando estás sem rumo
Descobres muito depressa
De forma instintiva a estrada que te leva a casa
Onde tudo terás que enfrentar
Porque isso dos afectos
É uma arte suprema
Que jamais iremos compreender
E apreender na sua totalidade
Mas é uma arte
Sem a qual
Sentimos que nos falta em nós
Uma fundamental parte
Um pedaço
Vital
E por isso
Mesmo quando me feres
Nunca deixo de desejar
Nas boas e nas más alturas
Que estejas a meu lado…