Até que ponto pensas ir…?

Depois de teres apenas dado uns passos para te afastares da dor

Mas depois notas que os passos foram demais

E em vez de te achares estás perdido

Perdida

De quem te fez a ferida

Mas de quem acaba por estar contigo…

E olhas o céu à procura de um ponto de referência

De um ponto de localização

Mas a única coisa que vês

É no céu imenso

Um mero e distante avião

Desejando ir para o seu destino desconhecido

Que te sirva de recomeço

Mas que te sirva também de abrigo

Sem saber se tudo irá recomeçar

Quando encontrares outro alguém

Que te possa igualmente magoar

Chegando então à conclusão que a fuga é redundante

A fuga é uma mera repetição

E nada te serve

Escapares

Para o tal avião

Que te irá levar a um local

Onde novamente irás entrar em rota de colisão

Uma rota não de guerra

Mas de amor

De afecto

Porque estes termos de nada valem

Se não tiverem um calor

Que até nos queima ocasionalmente

Um calor que parece matar

Pela sua intensidade

Mas quando estás sem rumo

Descobres muito depressa

De forma instintiva a estrada que te leva a casa

Onde tudo terás que enfrentar

Porque isso dos afectos

É uma arte suprema

Que jamais iremos compreender

E apreender na sua totalidade

Mas é uma arte

Sem a qual

Sentimos que nos falta em nós

Uma fundamental parte

Um pedaço

Vital

E por isso

Mesmo quando me feres

Nunca deixo de desejar

Nas boas e nas más alturas

Que estejas a meu lado…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/06/2012
Código do texto: T3737851
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