Deixei…
Deixei de fazer planos
Para o dia de amanhã
E para o dia seguinte
Porque o amanhã já é hoje
E depois tudo é tão imprevisível
E por isso deixei de fazer planos
Porque um plano implica um sonho
E estou farto de ver sonhos desfeitos
Reciclados então em algo amargo
Em algo risível…
Fazendo-me deixar de ver o horizonte
Em dias de tempestade
Pois nestes tempos estranhos
À tempestade não se segue a calmaria
Segue-se mais uma tempestade
Numa sucessão de acontecimentos
Que me fazem perder a vontade…
A vontade de os ver acontecer
Pois já prevejo o que se segue
Uma história já escrita
Com final delineado
E assim eu deixei de fazer planos
Porque por norma quando os faço
Sai tudo ao contrário…
Criando então os dias do amanhã
No momento presente
Criando futuros
De uma forma lógica
Lúcida
Coerente
Porque ninguém me pode destruir esse futuro
Esses sonhos
Se os fizer de improviso
Se os fizer de imediato
Ninguém me pode destruir os sonhos
Se a ninguém os revelar
Tendo o cuidado
Desse
Que é o maior de todos os nossos tesouros
Souber
Muito bem guardar…