Deixei…

Deixei de fazer planos

Para o dia de amanhã

E para o dia seguinte

Porque o amanhã já é hoje

E depois tudo é tão imprevisível

E por isso deixei de fazer planos

Porque um plano implica um sonho

E estou farto de ver sonhos desfeitos

Reciclados então em algo amargo

Em algo risível…

Fazendo-me deixar de ver o horizonte

Em dias de tempestade

Pois nestes tempos estranhos

À tempestade não se segue a calmaria

Segue-se mais uma tempestade

Numa sucessão de acontecimentos

Que me fazem perder a vontade…

A vontade de os ver acontecer

Pois já prevejo o que se segue

Uma história já escrita

Com final delineado

E assim eu deixei de fazer planos

Porque por norma quando os faço

Sai tudo ao contrário…

Criando então os dias do amanhã

No momento presente

Criando futuros

De uma forma lógica

Lúcida

Coerente

Porque ninguém me pode destruir esse futuro

Esses sonhos

Se os fizer de improviso

Se os fizer de imediato

Ninguém me pode destruir os sonhos

Se a ninguém os revelar

Tendo o cuidado

Desse

Que é o maior de todos os nossos tesouros

Souber

Muito bem guardar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/06/2012
Código do texto: T3699188
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