Nós...
Não faço
Planos para amanhã
Porque o amanhã é hoje
O amanhã já está a acontecer
E se fizer planos para ele
Acabo por me esquecer de viver…
Recuso aquele copo
O que pode ser determinante
Mas o que pode ser também excessivo
Porque no meio de palavras
Que deveriam ser de redenção
Ou meramente de aproximação
A aproximação final
Temo
Que saia desse copo o errado
Em vez do certo
E no fim desse copo
Não te tenha comigo…
Acedo ao politicamente correcto
Resistindo à tentação
De dizer o que sinto
Embora me peças para o fazer
Porque por vezes
A maior parte das vezes
Mais vale seguir um guião
Do que trilhar
Os delicados caminhos
Da improvisação
Onde o que se diz
Tem que ser bem pensado
Tem que seguir caminhos já trilhados
Para se obter com segurança
Os resultados esperados…
Tenho que desligar o nosso reactor
Porque reagimos demais
Os átomos entram demasiado facilmente em ebulição
A matéria desagrega-se
Os átomos espalham-se por todo o lado
E o que predomina no fim
Não é a justiça
O entendimento
A razão
É uma nuvem
Uma mera nuvem do que fomos
Uma nuvem de radiação
E quando o tempo passar
De nós
Em nós
Essa nuvem
Se não for parada
É o que teremos de nós como mera recordação…