A Espera…
O soldado espera
Por algo que possa acontecer
Tremendo por dentro
Mas por fora
Nada deixando transparecer…
Olhando o horizonte
À espera da hora zero
À espera do fim
À espera que digam que é inútil
À espera de ficar desempregado
À espera
Que o deixem ir
De livre vontade para um qualquer outro lado…
Um lado que ele possa escolher
E que não vá por ir
Para a uma mera ordem obedecer…
Espera pelo tempo natural
E não por aquele em que demora a chegar um obus
Uma bala
Que lhe diga
Que apesar de jovem
Ele é afinal bem mortal…
Espera pela vida
Que um político lhe roubou
E que delegou num general
Que é o seu chefe oficial
Ao qual ele obedece por medo
E jamais por respeito
Pois quem impõe a ordem
Somente pela força das armas
Pode ter muitas medalhas
Muito louvores
Mas é menor do que em quem manda
É general ou presidente no papel
Mas na realidade
Não é nada de jeito…
Espera pela liberdade
Espera por tudo que era suposto ter
Por direito natural
De simplesmente nascer
E da mesma forma natural
Assim poder morrer
Esperando que as guerras
Os conflitos
Meramente inventados
Por esses políticos
Tenham por fim acabado
E o deixem por fim em paz
Espera que a razão toque os homens
Espera ao fim ao cabo isso
Que o deixem simplesmente
Viver…