Naquela Madrugada…

No lusco-fusco da noite

E da noite que impuséramos a nós

Sentia que abraçava o mundo

E apesar de estares colada a mim

Sentia-me de uma forma insustentável

A roçar

A tocar

O insuportável

Sentia-me só…

Sentia que tinha que correr para ti para te alcançar

Apesar da distância ser demasiado curta

Porque de facto

Não parava de te tocar…

Mas sentia

Que para tocar no que me interessava

No que era o nosso interesse comum

A tua interioridade

Demasiado reservada

Que para ser salva

Deveria ser comigo partilhada

Teria que percorrer

E conseguir ultrapassar

O imenso espaço que nos separava…

Porque um dia te tinha prometido

Que em circunstância alguma te iria abandonar

E muito menos deixar

Mas naquelas horas deparei com o meu maior adversário

Tu

E pensava

Como se pode salvar alguém

Que se recusa a ser salvo

Como debelar um sofrimento alheio

Quando quem por ele é afligido

Não vê nele tal

Vê nele uma espécie bem distorcida de salvação?

E assim

Naquela madrugada

Procurei

Até o dia chegar

Aquilo que me recusava a ver

A inexistência de uma solução

E por isso definhei lentamente por dentro

Por ter descoberto

Que é mais curta a distância que nos separa de outras galáxias

Do que aquela

Que separava a tua mente

Que me ignorava

Do teu coração

Que de forma inegável me amava

Naquela momento decisivo

Naquela Madrugada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/05/2012
Reeditado em 23/05/2012
Código do texto: T3683117
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