Meras asas…
Que ecoam num sorriso
Que se costumam rever num canto
Nas ruas da minha cidade
Bem de madrugada
Cidade que é o mundo
Pois em cada cidade há um júbilo
Na escuridão
Uma voz anónima que entoa algo de musical
Que naquela hora nos soa demasiado bem
E por isso
Mesmo que o estejamos
Nunca de facto nos sentimos sós
Porque numa altura de dor
Nos sentimos
Senão bem
Pelo menos
Menos mal…
Um membro
Ou mero adorno
Que possuem em comum
O facto de tal já não utilizarmos
Só de maneira figurada
Fazem falta
Sempre farão
Mas tudo tem sempre mais encanto
Quando levantamos voo
Sem ajudas externas
Para voar
Essas asas deixamos em casa…
E nos atrevemos a planar
A sobrevoar o mundo
Não porque sejamos anjos
Seres superiores
Ou meras aves
E muito menos insectos
Voamos porque o desejamos
E não nos atemorizamos
Por esse desejo
Assumimos tal
Mesmo que tal pareça uma extravagância para o resto da humanidade
Voamos porque podemos
Porque tal faz parte da nossa essência
Sim
São meras asas
Mas são elas que não nos deixam por completo envelhecer
Porque são elas
Que nos permitem
Para o nosso sempre
Jamais deixarmos de sonhar…