Meras asas…

Que ecoam num sorriso

Que se costumam rever num canto

Nas ruas da minha cidade

Bem de madrugada

Cidade que é o mundo

Pois em cada cidade há um júbilo

Na escuridão

Uma voz anónima que entoa algo de musical

Que naquela hora nos soa demasiado bem

E por isso

Mesmo que o estejamos

Nunca de facto nos sentimos sós

Porque numa altura de dor

Nos sentimos

Senão bem

Pelo menos

Menos mal…

Um membro

Ou mero adorno

Que possuem em comum

O facto de tal já não utilizarmos

Só de maneira figurada

Fazem falta

Sempre farão

Mas tudo tem sempre mais encanto

Quando levantamos voo

Sem ajudas externas

Para voar

Essas asas deixamos em casa…

E nos atrevemos a planar

A sobrevoar o mundo

Não porque sejamos anjos

Seres superiores

Ou meras aves

E muito menos insectos

Voamos porque o desejamos

E não nos atemorizamos

Por esse desejo

Assumimos tal

Mesmo que tal pareça uma extravagância para o resto da humanidade

Voamos porque podemos

Porque tal faz parte da nossa essência

Sim

São meras asas

Mas são elas que não nos deixam por completo envelhecer

Porque são elas

Que nos permitem

Para o nosso sempre

Jamais deixarmos de sonhar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/04/2012
Código do texto: T3634625
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