Não vou deixar…
Que o mar vá ter comigo
Sou eu que irei ir ter com o mar
Não vou deixar que o tempo passe
Sem que faça tudo ao meu alcance
Para que o tempo possa mudar…
E eu não me deixarei
Ficar estático na sentinela
À guarda daquilo que acredito
Irei ao encontro de quem caminha para o meu quartel
Para a minha fé saquear
Usurpar
Irei ao encontro de quem agride
Para olhos nos olhos os enfrentar…
E assim não permitirei
Que o mesmo céu que amo
Me caía em cima da cabeça
Porque lhes tiraram os pilares
E transformaram o sonho em pesadelo
Não vou deixar que algo belo
Seja transformado em medo…
Não permitirei então
Que abraços de camaradas
Se transformem em facadas nas costas
Não admitirei que o sabor de um beijo
Se transforme em fel
Lutarei com todas as minhas forças
Para que o que é digno nunca perca a dignidade
Para que a amizade seja sempre um sinónimo de camaradagem
Para que o amor nunca murche
Ao ponto de o confundirmos com amargura
Que o céu
Quando o olho
Seja sempre
Uma forma de ternura…