Ir por ai…

Acender cigarros em cantos anónimos

A gente desconhecida

A gente aleatória

Criando com tal laços de socialização insuspeitos

Sem que tal tenha que obedecer a um padrão pré-determinado

Sem que para esse socializar

Tenha que pedir autorização

Tenha que renunciar a certo tipo de memórias…

Memorias que me recordam

Que nos primeiros anos

A vontade de partir

Que sempre existiu

Se limitava a partir

De

E dentro da mente

Sem me atrever

A ir de facto

E assim

Estando com pessoas

Viajava

Era uma pessoa ausente…

Ir ao acaso

Tendo como única lei

O deixar-me levar

Por onde o acaso entender

Dormindo em casas

De quem

Nessa demanda

Nessa procura de responder ao chamamento

De quem me queira acolher…

Escrevendo pelo caminho

Cartas

Ou mensagens modernas

Electrónicas

Cartas a quem deixei para trás

Porque não deixei de facto

Apenas prossegui por outra via

Por outro caminho

E essas cartas

Essas mensagens

São o eco

Da razão

Da saudade

Ser um algo

Que ainda me trás por cá…

Não me deixando ofuscar

Pelo brilho do novo olhar

A quem chamo no presente

E no futuro

De camarada

De amor

Sem esquecer

Que quem ficou no apeadeiro

Da estação de uma vida que se dividiu em diferentes destinos

Faz parte de um destino comum

Do destino

De apesar de partir

Não ter deixado de gostar

Porque um dia regressarei

E quando chegar

São essas pessoas

Que gostava de ter

Nesse apeadeiro

Por mim a esperar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 14/04/2012
Código do texto: T3611733
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