Ir por ai…
Acender cigarros em cantos anónimos
A gente desconhecida
A gente aleatória
Criando com tal laços de socialização insuspeitos
Sem que tal tenha que obedecer a um padrão pré-determinado
Sem que para esse socializar
Tenha que pedir autorização
Tenha que renunciar a certo tipo de memórias…
Memorias que me recordam
Que nos primeiros anos
A vontade de partir
Que sempre existiu
Se limitava a partir
De
E dentro da mente
Sem me atrever
A ir de facto
E assim
Estando com pessoas
Viajava
Era uma pessoa ausente…
Ir ao acaso
Tendo como única lei
O deixar-me levar
Por onde o acaso entender
Dormindo em casas
De quem
Nessa demanda
Nessa procura de responder ao chamamento
De quem me queira acolher…
Escrevendo pelo caminho
Cartas
Ou mensagens modernas
Electrónicas
Cartas a quem deixei para trás
Porque não deixei de facto
Apenas prossegui por outra via
Por outro caminho
E essas cartas
Essas mensagens
São o eco
Da razão
Da saudade
Ser um algo
Que ainda me trás por cá…
Não me deixando ofuscar
Pelo brilho do novo olhar
A quem chamo no presente
E no futuro
De camarada
De amor
Sem esquecer
Que quem ficou no apeadeiro
Da estação de uma vida que se dividiu em diferentes destinos
Faz parte de um destino comum
Do destino
De apesar de partir
Não ter deixado de gostar
Porque um dia regressarei
E quando chegar
São essas pessoas
Que gostava de ter
Nesse apeadeiro
Por mim a esperar…