Pontos…
De impacto
São o fulcro
Da presença
Ou da ausência
Da questão
Porque sem o impacto nada há
Mas com ele
Há demasiado
Tudo acontece
Gera-se o movimento
Uma dinâmica imparável
Que devido à velocidade da luz
Pela qual se move
E se rege
É impossível de parar
E com tal
Com esse movimento
Começa
Uma bem típica confusão…
E assim nascem mundos
Se destroem planetas
Se originam pontos de rotura
Que no início nos parecem pontes
Mas que tudo terminam
Antes que algo começa…
E por isso
Pela necessidade
Mas também por vício
Da tal velocidade
Nos esquecemos de seguir o tempo de todos os tempos
O tempo ancestral
Onde dispúnhamos de margem de manobra
Para corrigirmos o que íamos fazendo de mal…
Mas no meio de toda esta vertigem
Por vezes deixamo-nos tocar
E levar nos braços do tempo antigo
Da intemporalidade
Deixamo-nos levar
Para o local onde mora
E prospera a eternidade
Agindo sem correr
De forma cordata
De forma sensata
Deixamos de ter pressa
De o tempo agarrar
E limitamo-nos sem intervir
A esse tempo observar…
E com tal ganhamos Tempo para nós
Tempo para realmente falarmos
Tempo de escutarmos
Tempo para sentir
E quando tocamos
Realmente nos apercebemos
De que estamos a tocar
Reparando então
Que as texturas são infinitas
Tal como são infinitos
Os odores
Os sabores
As sensações
Que se escondem por detrás dos sentidos escondidos
Pelo tempo da modernidade
Chegando à conclusão
Que este tempo
Que nos dizem moderno
Que nos oferece tudo
Não nos dá tempo
Desse tudo se poder desfrutar
E assim
Quando for demasiado tarde
E o relógio existencial der a sua última volta
Reparamos que o tempo se acabou de esgotar
Reparando que passámos por essa vida
De forma superficial
Olhamos para ela
Reparando tristemente
Que só olhamos para ela
Mas nela
Nunca realmente chegámos a tocar…