Belo, a roçar o Sublime…
Anjos alternativos
Que vivem na fronteira onde a terra beija o mar
Anjos nem claros
Nem negros
E por isso
Em nenhum dos dois locais
Possuem o seu lar…
Anjos que nem caíram em desgraça
Nem conquistaram essa graça
Anjos que nem sequer têm graça
Guardiões apenas
Do tempo que passa…
São pois meras pessoas
Que vivem
Que são como nós
Mas que insistem no estatuto da diferença
Pois essa é uma forma de não se sentirem sós…
Pessoas iguais a Ti
Iguais a Eu
Pessoas que choram
Pessoas que riem
Pessoas que sentem
Ou que escondem o que sentem
Num dualístico jogo dos sentidos
Onde por vezes o que se diz
Do que se sente
Passa por ser o nosso maior inimigo…
São apenas então
Meros apreciadores da arte
Da arte de viverem o tempo
Como entendem que tal deve ser vivido
Com defeitos
Que se dizem mortais
Com virtudes
Iguais pois a toda a gente
Não distinguidos dos demais
Mas que não escondem o seu espanto
A sua admiração
As suas palavras
Quando se deparam com a imensidão
Porque és um deles
E eu sou um deles
Quando realmente te ouço
Te sinto
E quando tu por vezes gostas de ouvir-me
Somos nós afinal
Quando nos soltamos
E deixamos que esta expressão nos domine…
“Belo, a roçar o Sublime…”