Tinha chegado pois o tempo…
De expulsarmos do templo
Quem julgávamos um Messias
Mas que era apenas mais um vendilhão
Tinha chegado pois o tempo
Da nossa indignação
Tinha chegado o tempo da revolução…
E assim com as armas
Da razão
Tinha chegado o tempo de impormos o nosso ponto de vista
Se fosse preciso à força
Porque por vezes só à força
Se impede
Que alastre
E não cicatrize uma ferida…
A ferida da falta de solidariedade
A ferida
Que consumia toda uma civilização
Toda uma sociedade…
Porque nós éramos os seus donos
Donos de pleno direito
Tinha chegado o tempo
De derrubarmos quem elegemos com fé
Mas que transformou a esperança
Em pesadelos
Porque contra quem deveria agir
Quem elegemos
Desses tinha medo…
E assim
O tempo do diálogo tinha-se esgotado
Porque não pode existir diálogo
Com quem vê a miséria a prosperar
Com ela pactua
Com os seus actos
Com o seu silêncio
E nada faz
Para a deter
Ou pelo menos abrandar…
E foi num dia
Como outro qualquer
Que reparámos que a areia da ampulheta da história
Começava a se esgotar
E nada
Nada
Iria mudar
E por isso
As palavras acabaram
Tinham que acabar
Porque era um povo
Ou quem o matava
Que a história iria julgar
E para nele não se obliterar
Tinha chegado o tempo
Desse povo
De uma vez por todas
Despertar…