Tinha chegado pois o tempo…

De expulsarmos do templo

Quem julgávamos um Messias

Mas que era apenas mais um vendilhão

Tinha chegado pois o tempo

Da nossa indignação

Tinha chegado o tempo da revolução…

E assim com as armas

Da razão

Tinha chegado o tempo de impormos o nosso ponto de vista

Se fosse preciso à força

Porque por vezes só à força

Se impede

Que alastre

E não cicatrize uma ferida…

A ferida da falta de solidariedade

A ferida

Que consumia toda uma civilização

Toda uma sociedade…

Porque nós éramos os seus donos

Donos de pleno direito

Tinha chegado o tempo

De derrubarmos quem elegemos com fé

Mas que transformou a esperança

Em pesadelos

Porque contra quem deveria agir

Quem elegemos

Desses tinha medo…

E assim

O tempo do diálogo tinha-se esgotado

Porque não pode existir diálogo

Com quem vê a miséria a prosperar

Com ela pactua

Com os seus actos

Com o seu silêncio

E nada faz

Para a deter

Ou pelo menos abrandar…

E foi num dia

Como outro qualquer

Que reparámos que a areia da ampulheta da história

Começava a se esgotar

E nada

Nada

Iria mudar

E por isso

As palavras acabaram

Tinham que acabar

Porque era um povo

Ou quem o matava

Que a história iria julgar

E para nele não se obliterar

Tinha chegado o tempo

Desse povo

De uma vez por todas

Despertar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 27/03/2012
Código do texto: T3578282
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