Durante quanto tempo…?
"Os homens preferiram as trevas à luz porque as suas acções eram más."
Seguiremos uma voz
Que achamos bela
Mas que está profundamente errada
Parece bela
Porque está distorcida
Está mascarada…
E essa voz
Queria fazer esquecer os ensinamentos antigos
Que diziam estarem inadequados
Queria substituir por outros
Que dizia actualizados…
Baseados em nada
No nada que se consome
Para rapidamente se esquecer
E no entanto
Era nisso que nos queriam fazer querer…
Gente que olhava um novo sol
E que diziam vir dele a nova luz
Um sol escuro
A que alguns de nós chamavam trevas
Um sol que nos fazia sentir frios
Uma sabedoria
Que era pois baseada no mais puro absurdo…
E a quem olhava o outro
O ancestral
Quem para ele cantava
E o admirava
Foi tal proibido
Porque o sol velho
Diziam-nos
Era o nosso maior inimigo…
Mas eles sabiam
O que esse sol podia revelar
Eles sabiam
Que esse sol nos iria contar
Que o que eles chamavam solidariedade
Igualdade
Liberdade
Era apenas uma forma
De nos dominarem
Dando-nos a ideia
Que eram como nós
Para nos sugarem
E quando tal acontecesse
Nos deixarem perdidos
Nos deixarem sós…
Mas muitos
Embora isolados
Continuaram a admirar
O que lhes era vedado
E em silêncio
Cantavam a velha canção
Aquela que nos diz sermos todos iguais
Perante os olhos
Da Criação
Ou para quem não acreditava nela
Mas acreditava na canção
Perante o olhar
Da Imensidão…
Mas em público
Cantávamos
E admirávamos
O sol deles
A música deles
Suspirando pelo dia
Que já tinha acontecido
Mas que foi rasurado
Da memória dos homens
O dia em que cada ser
Poderia cantar
O que lhe apetecesse
Poderia cantar
A sua canção
E durante o tempo
Em que Eles faziam da sua razão
A lei universal
Nós perguntávamos
Durante quanto tempo teríamos que cantar a sua canção
Durante quanto tempo
Teríamos que esconder
A nossa
Que era redentora
E por isso estava condenada à exclusão
Quando nela
Encontrávamos a real salvação…