Não fazemos questão…

De falarmos e escrevermos correctamente

Fazendo tal ao contrário

Seguindo um velho método

Um velho código

Quase ancestral

Onde comunicando

Dizemos mais do que queremos dizer

Sem que ninguém

Tal realmente

Claramente possa entender…

Não por vício

Ou disfunção emocional

Simplesmente

Porque não gostamos de mostrar tudo que nos trás por cá

Embora pouco tenhamos a esconder

Servindo esse código

Apenas

De certas vicissitudes da vida nos proteger…

E por isso

Quando caminhamos sós

Dizemos que estamos sempre acompanhados

Porque o estamos

De facto

Porque basta pensar em ti

Para saber

Que do outro lado de tudo

Estás ali a meu lado…

E por isso

Escrevemos

E dizemos coisas propositadamente banais

Coisas vazias

De rápido e descartável consumo

Quando nas entrelinhas

Nos espaços brancos dessas mensagens

Escrevemos cartas de amor

Que depois de percepcionadas

Ficarão para toda a eternidade

Na mente de quem as lerá

Não de quem

Por agora cá está

Cartas de amor não assumidas

Camufladas de palavras de amizade

Cartas de amor protegidas

Porque um Deus alternativo

Nos deu essa faculdade

Cartas de amor

Que depois de sentidas

Nelas se sentem

Toda a força

Da nossa escondida

Poderosa

Mas ao mesmo tempo frágil

Aparentemente distante

Sensibilidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 20/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
Código do texto: T3564620
Classificação de conteúdo: seguro
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