Um Certo Lugar…
Perguntas-me onde estou
E eu devolvo-te a pergunta a Ti
E assim arranjamos uma forma
Bem inútil e onerosa
De o tempo esgotar
Porque estamos o dois na sala perto um do outro
Quase ocupando o mesmo lugar…
E para o evitar esse acidente da física
Para contornar esse problema físico
Movemo-nos com insuspeitável rapidez
E lá estamos a caminho do chão
Avisando-nos mutuamente
Nesse percurso
Para termos cuidado
Quando para evitar o acidente
Devíamos ficar lado a lado…
E assim
Evitando o bom senso
Todos os sábios conselhos
Que nos deram
E que nós damos
A quem se encontra na nossa situação
Movemo-nos em todas as direcções
De forma aleatória
Tendo como motor o medo
De uma mais previsível colisão
E antes
Que mais uma queda
Faça tudo recomeçar
Um pouco de discernimento
Lá nos toca
E ficamos
De frente um ao outro
O outro a contemplar
Em silêncio
Mas realmente a comunicar
Percebendo a intensidade
Que as palavras são incapazes de tocar
Apercebendo-nos do que nos move
Pelo que diz o nosso olhar
E por fim
Damos um final feliz
A um episódio
Que se perderá algures na nossa história
Ficamos a gostar do que vemos
Desejando
Que essa visão
Passe a fazer parte do património imortal da nossa memória…