Um Natal na modernidade…
Um helicóptero rasga o silêncio da noite
Um quadro actual banal
Mas não o é de facto
Porque esta é a noite de Natal…
E assim de repente transporto-me para lá
Para esse veículo da actualidade
E penso que alguém hoje
Não está em casa para o Natal
Recordando-me de algo semelhante
Onde estava na mesma situação
Recordando-me que sendo ou não crente
Esta noite é especial
É a noite da família
Onde estar com ela
Hoje passa por ser fundamental…
Pondo-me de forma inevitável a pensar
Em quem comanda esse aparelho
Quem nele vai
Quem está nas ruas
Ou sós num apartamento
Desejando ter a família por perto
Mas tendo por companhia apenas a solidão
E por um instante estou com esses órfãos afectivos
Estou com eles de toda a alma
Toda o coração
Sim
Não só por ter vivido Natais semelhantes
Onde me sentia morto
Apesar de estar vivo
E assim nesta noite
Estou com os meus
Mas também com as pessoas de todos os helicópteros do planeta
Estou com a sua solidão
Porque como dizia alguém há muito tempo
Não nos devemos identificarmos só com quem é parecido connosco
Mas sobretudo com quem precisa de nós
Pois essa é uma forma
Desses seres se sentirem menos sós…