Um só no meio da (sua) multidão…
Quatro e tal da manhã…
E a grande rede passa imagens e sons de um mundo que nunca pára de facto
Nem sequer para dormir, perdido na sua imensidão
A rede dá-me tudo
Todas as companhias que desejo
Mas desejo ainda mais sair e ser só
Um só no meio da (sua) multidão…
E assim desligo os cabos
Ou as redes invisíveis
Entrego-me a um bar ainda aberto
Rostos ébrios
Mas sim
Aqui a realidade ainda é possível…
E assim acendo um cigarro
Olho em volta
Olho de lado
Reparando
Que mesmo aparentemente só
Nunca estive tanto
E tão bem acompanhado…
Lançando os meus braços em volta da tal multidão
Que dança
Um pouco por todo o lado
Ignorando as convenções
Dançando e cantando por todo o lado
Até por cima do balcão…
Onde estou a beber
Onde estou a fumar
Onde estou a pensar
Mas de um momento para o outro
Torna-se impossível essa multidão ignorar
E assim me junto a ela
Sem palavras
Apenas com o olhar
E o dançar
Torno-me um da multidão
Porque a dança
E os seus sons
Soube partilhar
Porque me abandonei a mim próprio
Tornei-me algo integramente grupal
Porque com aquela multidão aparentemente desconhecida
Com ela e só com ela
Para sempre me apeteceu estar…