Fado…

Não é aquele que pensam

Não é aquele que conhecem

Por Lisboa cantado

É a alma de um povo

Da sua forma de sentir única

Isso sim é o verdadeiro e genuíno

Fado…

Não é a tristeza que nos associam

Com paternalismo

E tola condescendência

É a alma de um povo

Que pouca gente conhece

Que apesar de toda a sua tragédia

Mantêm a sua alegria silenciosa

Mantêm a sua calada resistência…

Conserva um brilho no olhar

Uma luminosa forma de estar

Sorrisos genuínos

Dispostos a partilhar

Quem com esse povo quer privar…

É ter a alma aberta

A um mundo que lhe fechou todas as portas

Não

Não é viver parado

Ou estagnado no passado

É simplesmente não pensar no presente

Porque quer com reis

Quer com presidentes

A fortuna nunca nos sorriu

Mas nós sorrimos a esse destino

Nos sentimos à alemão

De forma fria e silenciosa

Nós sentimos à latino

Falando

E por vezes gritando

Aquilo que nos vai na alma

Aquilo que vamos sentindo

De uma forma intensa

Mas sempre bela

Jamais amargurada

Jamais sofrida

O Fado é pois isso

Sermos um povo que canta

Sem realmente sabermos cantar

Sermos um povo que dança

Mas quando dança

Teima em pisar o seu par

E no entanto nós cantamos como mais ninguém

Nos dançamos como se tal nos estivesse nos genes

Como se tal fosse a nossa natureza

Nós sentimos tudo isto

E sorrimos imensamente

Pois o Fado é tudo isto

O Fado não é um destino

É a força da nossa ignorada

Mas bem vincada e personalizada Beleza…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 28/11/2011
Código do texto: T3360374
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