Fado…
Não é aquele que pensam
Não é aquele que conhecem
Por Lisboa cantado
É a alma de um povo
Da sua forma de sentir única
Isso sim é o verdadeiro e genuíno
Fado…
Não é a tristeza que nos associam
Com paternalismo
E tola condescendência
É a alma de um povo
Que pouca gente conhece
Que apesar de toda a sua tragédia
Mantêm a sua alegria silenciosa
Mantêm a sua calada resistência…
Conserva um brilho no olhar
Uma luminosa forma de estar
Sorrisos genuínos
Dispostos a partilhar
Quem com esse povo quer privar…
É ter a alma aberta
A um mundo que lhe fechou todas as portas
Não
Não é viver parado
Ou estagnado no passado
É simplesmente não pensar no presente
Porque quer com reis
Quer com presidentes
A fortuna nunca nos sorriu
Mas nós sorrimos a esse destino
Nos sentimos à alemão
De forma fria e silenciosa
Nós sentimos à latino
Falando
E por vezes gritando
Aquilo que nos vai na alma
Aquilo que vamos sentindo
De uma forma intensa
Mas sempre bela
Jamais amargurada
Jamais sofrida
O Fado é pois isso
Sermos um povo que canta
Sem realmente sabermos cantar
Sermos um povo que dança
Mas quando dança
Teima em pisar o seu par
E no entanto nós cantamos como mais ninguém
Nos dançamos como se tal nos estivesse nos genes
Como se tal fosse a nossa natureza
Nós sentimos tudo isto
E sorrimos imensamente
Pois o Fado é tudo isto
O Fado não é um destino
É a força da nossa ignorada
Mas bem vincada e personalizada Beleza…