O nosso eco na eternidade…

Sabes…?

Disseram-me que um dia alguém irá recordar a humanidade

Muito depois dela desaparecer

Irão recordar-nos

Por sinais de rádio

De televisão que emitimos

E que serão interpretados pela matemática

A linguagem universal de todas as raças

De todos os lugares

Meros símbolos matemáticos

Que essas imagens

Esses sons

Virão depurados

Sem a sua graça…

Ou se calhar fórmulas que os nossos homens e mulheres da ciência mandam para o espaço profundo

Na esperança não sei se vã de um dia alguém nos recordar

Esperança estúpida

Absurda

Porque nunca será na matemática

Que verão a essência da humanidade

E pelo menos por uma vez

Os cientistas se enganaram

Porque a matemática é fria

Não exprime nem nunca exprimirá nem de longe

Por exemplo

O prazer que eu tenho

Quando te tenho a meu lado…

E não adianta sermos recordados

Por imagens sem sentido

Porque lhes carece a correcta interpretação

Porque o que caracteriza um homem

Uma mulher

Uma criança

É a forma individual como sente

Como percepciona cada sensação…

E por isso

Por mim

Até podem mandar todas as bibliotecas

Para esses receptores desconhecidos

Que estarão algures

Porque se podem até ler todos os livros

Mas só estando com ele

Se consegue saber da dimensão da alma de um poeta…

Podem até inventar imagens a três dimensões

Que se possam enviar

Mas só nos poderiam conhecer realmente

Se na pele de um humano

Se nos seus olhos

Além de os verem

Os pudessem também tocar…

Por isso somos e seremos sempre órfãos do espaço

Destinados ao esquecimento universal

Sendo que deveremos lutar aqui e agora

Entre nós

Pela preservação da nossa interioridade

Pois quem nos recordará realmente

Foi quem nos amou

Ou quem com esses seres privou

Com eles e somente com eles

O nosso legado estará devidamente preservado

O nosso eco na eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 25/11/2011
Código do texto: T3356137
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