Irmãos de Armas

Provámos juntos

O mesmo sabor a pólvora

À decepção

De termos que fazer algo

Contra a lógica

Contra o pensamento

Contra qualquer tipo de razão…

Submersos na porcaria

Da espuma

De certos dias

Que nos impuseram

Por imperativos ideológicos

Da mesma civilização

Que fez de nós entes ditos “civilizados”

Mas que nas trincheiras dela mesma

Voltámos ao estado primário

Que esteve na origem

De toda a evolução…

E assim sobrevivemos

Para vivermos mais um dia

E mais um

Até sairmos daquilo

Do lixo

Voltando ao mundo

A uma vida

De onde nunca devíamos ter saído

Reparando

Que os laços criados

Nessa terra do nada

Abraçaram a eternidade

Porque sós não éramos nada

E por isso nos tornámos

Muito para além dos regulamentos

Irmãos de armas

Que existem fora do verde

Fora da camuflagem

Existem entre um homem e uma mulher

Entre toda a gente

Que foi e esteve unido no inferno

Saindo vivos

Para tal relatar

Saindo com o mais forte que possui uma existência

Laços de inquebrantável solidariedade

Laços etéreos

Forjados na mais profunda das trevas

Laços que enganam o egoísmo

No qual todos fora daquilo

Parecemos ter mergulhado

E por isso sou teu irmão

E por isso

Nada interessa

Nada deixa de interessar

Desde que te tenha a meu lado…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 02/09/2011
Código do texto: T3195888
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