Irmãos de Armas
Provámos juntos
O mesmo sabor a pólvora
À decepção
De termos que fazer algo
Contra a lógica
Contra o pensamento
Contra qualquer tipo de razão…
Submersos na porcaria
Da espuma
De certos dias
Que nos impuseram
Por imperativos ideológicos
Da mesma civilização
Que fez de nós entes ditos “civilizados”
Mas que nas trincheiras dela mesma
Voltámos ao estado primário
Que esteve na origem
De toda a evolução…
E assim sobrevivemos
Para vivermos mais um dia
E mais um
Até sairmos daquilo
Do lixo
Voltando ao mundo
A uma vida
De onde nunca devíamos ter saído
Reparando
Que os laços criados
Nessa terra do nada
Abraçaram a eternidade
Porque sós não éramos nada
E por isso nos tornámos
Muito para além dos regulamentos
Irmãos de armas
Que existem fora do verde
Fora da camuflagem
Existem entre um homem e uma mulher
Entre toda a gente
Que foi e esteve unido no inferno
Saindo vivos
Para tal relatar
Saindo com o mais forte que possui uma existência
Laços de inquebrantável solidariedade
Laços etéreos
Forjados na mais profunda das trevas
Laços que enganam o egoísmo
No qual todos fora daquilo
Parecemos ter mergulhado
E por isso sou teu irmão
E por isso
Nada interessa
Nada deixa de interessar
Desde que te tenha a meu lado…