Suave Adormecimento…

Em que estou por perto

Estou atento

Estou bem longe

Estou demasiado lento

Porque deixo que me mandem

Sem tal questionar

Mas digo que não

Sou senhor dos meus destinos

Deixando-me anestesiar de uma forma subliminar

Num

Suave Adormecimento…

Doces formas de dominação

Sedutoras

Porque não são notadas

Nós seguimos o som da flauta

Que nos leva exactamente

Para onde jurámos em tempos nunca ir

Mas esses tempos estão distantes

A memória

É mais uma moda

De consumo rápido

E volúvel

E o toque do instrumento é belo

Não pode deixar de ser ouvido

Embora esse som não nos leve ao céu

Nos leve antes a um abismo…

Suave Adormecimento…

Porque como podemos resistir

A quem tudo quer fazer em nosso lugar

As coisas que não gostamos

Inclusive o pensar

Mas também o sentir

Deixemos que nos moldem a humanidade

Pela razão linear e bastante clara

Que os nossos donos dominam plenamente

De que o sentir

Pode levar ao pensar

E o pensar

Coloca em causa uma ordem

Que ninguém

Quer mudar

E assim nos dão o livre arbítrio aparente

Da liberdade

Quando o que nos possibilita tal

Está encarcerado

Em moldes sociais

E civilizacionais

Previamente viciados

Em prol de valores

Que não foram

E nunca serão nossos

Mas que passaram a ser

Pelas drogas modernas escondidas

Nas qual estamos viciados

E dessa forma a troco de nada

Acordados

Somos alienados

Em troco de quê

De nada

E de facto nada sentimos

A realidade

Bem real

Passou a ser de outra dimensão

E se algo nos choca

Pensamos com desdém

“são coisas que só se passam na televisão…”

Mesmo que se passem na nossa rua

No nosso espaço vital

Não ligamos

Porque essa forma de insensibilidade

Para sobrevivermos

Passou a ser fundamental

Porque nos ensinaram nas novas escolas da modernidade

Que pensar é um tormento

Então que outros pensem por nós

Suave Adormecimento…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 28/08/2011
Código do texto: T3186834
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.