Suave Adormecimento…
Em que estou por perto
Estou atento
Estou bem longe
Estou demasiado lento
Porque deixo que me mandem
Sem tal questionar
Mas digo que não
Sou senhor dos meus destinos
Deixando-me anestesiar de uma forma subliminar
Num
Suave Adormecimento…
Doces formas de dominação
Sedutoras
Porque não são notadas
Nós seguimos o som da flauta
Que nos leva exactamente
Para onde jurámos em tempos nunca ir
Mas esses tempos estão distantes
A memória
É mais uma moda
De consumo rápido
E volúvel
E o toque do instrumento é belo
Não pode deixar de ser ouvido
Embora esse som não nos leve ao céu
Nos leve antes a um abismo…
Suave Adormecimento…
Porque como podemos resistir
A quem tudo quer fazer em nosso lugar
As coisas que não gostamos
Inclusive o pensar
Mas também o sentir
Deixemos que nos moldem a humanidade
Pela razão linear e bastante clara
Que os nossos donos dominam plenamente
De que o sentir
Pode levar ao pensar
E o pensar
Coloca em causa uma ordem
Que ninguém
Quer mudar
E assim nos dão o livre arbítrio aparente
Da liberdade
Quando o que nos possibilita tal
Está encarcerado
Em moldes sociais
E civilizacionais
Previamente viciados
Em prol de valores
Que não foram
E nunca serão nossos
Mas que passaram a ser
Pelas drogas modernas escondidas
Nas qual estamos viciados
E dessa forma a troco de nada
Acordados
Somos alienados
Em troco de quê
De nada
E de facto nada sentimos
A realidade
Bem real
Passou a ser de outra dimensão
E se algo nos choca
Pensamos com desdém
“são coisas que só se passam na televisão…”
Mesmo que se passem na nossa rua
No nosso espaço vital
Não ligamos
Porque essa forma de insensibilidade
Para sobrevivermos
Passou a ser fundamental
Porque nos ensinaram nas novas escolas da modernidade
Que pensar é um tormento
Então que outros pensem por nós
Suave Adormecimento…